sábado, 1 de dezembro de 2012
O amor não acaba, nós é que mudamos. Um homem e
uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se
separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do
outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba? O que acaba são
algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no
decorrer da vida. As pessoas não mudam na suaessência, mas mudam muito de sonhos, mudam de
pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor
costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa
carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas
experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com
nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém
os mesmos. Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você
sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O
primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para
aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com
o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta
verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam
alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também
evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma
direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de
cada um foi tão parecida que não gerou conflito. O amor não acaba. O amor
apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas,
nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana
avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de
sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor
não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto
for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não
funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.
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