quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A verdade é que nem todo mundo esta disposto a caminhar do seu lado. Nem todo mundo é sincero a ponto de não invejar algo que você quis muito e conquistou por merecimento. A verdade é que nem todo mundo é capaz de estender a mão quando a vida te dá aquela rasteira e você sem forças fica estirado no chão. Nem todo mundo sorri com os olhos. Nem todo mundo pensa como você e tem o desejo de salvar meio mundo. Nem todo mundo faz as coisas sem esperar nada em troca. Nem todo mundoestá disposto a escutar teus lamentos e compartilhar contigo experiências passadas. Nem todo mundo tem saco para falar de problemas e apontar o melhor caminho. Nem todo mundo se mostra como deveria e dá a cara pra bater. Nem todo mundo sabe o que se passa dentro de ti. Então silencie. Amadureça por conta de todas as barras, obstáculos e aprendizados que você já viveu. Leva como aprendizado. Se agarre a novas oportunidades. Pense positivo! Seja positivo sempre. No momento tem muita coisa para ser vivida e pouca coisa a ser compartilhada. Vá ser feliz, temos muito pouco tempo para se preocupar com quem não se preocupa!


Você não a amava. Você só não queria ficar sozinho, ou talvez ela era boa para o seu ego, ou talvez ela te fazia sentir melhor sobre a sua vida miserável, mas você não a amava, porque não se destrói a pessoa que ama.
Grey’s Anatomy.
Sentei no banquinho do meu quarto que fica de frente ao espelho da parede e comecei a olhar cada canto de mim. Vi que meus olhos eram fundos, e eu sabia o porque de cada dedo fino. Eu me entendia melhor do que qualquer outra espécie do planeta. Melhor do que minha mãe, meu pai, o professor de filosofia e a psicóloga do postinho. Eu sabia porque cada lágrima escorria. O motivo poderia ser o mais ridículo da face da terra, mas aquilo me doía, e ninguém tiraria aquilo de mim, quanto menos entenderia. Mas uma coisa eu nunca perdi no meio de tanta lágrima: o brilho dos meus olhos. É como se fosse uma lanterninha acesa pra que possam ver que ainda tem alguém aqui dentro, alguém que pode muito bem gritar quando não suportar, que pode sorrir feito louca porque o passarinho resolveu brincar na poça de água, ou simplesmente, que pode atravessar a rua sem olhar. Alguém que ama e que suporta todo amor dentro de si. E eu tinha todo o amor do mundo em mim. E se eu podia amar alguém, eu podia muito bem me amar também. Aceitar cada defeito como se fosse a mais fascinante qualidade. Porque se eu não fizer isso, quem fará por mim?
Chicago, 1992.
Eu não tenho medo de voar. Eu tenho medo de estar fechada num lugar e de ter escolhido estar fechada nesse lugar. Tenho medo porque meus pés sentem o chão mas ele é falso. Meus pés sempre me obrigam a sentir a verdade e eu sou obrigada a dizer a eles que aquele chão não dura e nem é de terra. Tenho medo do absurdo que é sorrir e dizer “guaraná normal e sem gelo, grata” enquanto se quer dizer “que merda é essa de estar voando se não sou a porra dum passarinho?”. Tenho medo porque quando acabar estarei em outro lugar. Agora, se eu pudesse escolher o maior de todos os medos, eu diria “a chance disso cair agora é muito pequena”. Estou sobrevoando, sem inteligência, a água profunda que aprendi a chamar de casa mas também de intervalo. A verdadeira angústia de voar é estar acima da nossa vida. Voar é tornar nossa rotina banal. Estou voando há dias, de primeira classe, com vista para o desenho de um país que não sei o nome. Ao lado de uma pessoa que, até que enfim, não é mais uma barrinha de cereal.
Tati Bernardi.
Apesar de você carregar um nome épico nas costas, você não faz jus à ele, João. O seu nome é lindo, assim como os seus lábios finos e a sua nuca branquinha. O seu mal é o que você é por dentro. Se não fosse esse teu jeito todo errado e desleixado, eu olharia pra sua cara e diria que você é um anjo. A verdade é que você é o demônio em pessoa, João. Nada nunca é bom o suficiente pra você. Ninguém nunca é digno do seu amor. Porque será que você infla o seu ego tanto assim, João? Você não é diferente dos outros. A sua rotina não é agitada todos os dias da semana. O seu tipo físico não é de nenhum deus-grego-dos-céus. Você arqueia essa sua sobrancelha com pelos falhos e cruza os braços fazendo essa pose de durão, mas de durão você não tem nada. Admite que vez ou outra a sua vontade era de trocar a cerveja com os amigos por um milk shake com alguém especial, vai. Admite que além da bunda e dos peitos, você também repara no sorriso e nos pés. Pode parecer meio absurdo, mas eu sei que você é encantando por pés. E sei também que a sua bebida preferida nunca foi Whisky, mas sim Guaraná. Os seus coleguinhas-babacas-de-balada não sabem disso, mas eu sei. Deve ser assustador pra você ter alguém que te conhece tanto quanto eu. Tudo bem, eu entendo a sua raiva e a sua ironia desafiadora. O que eu não entendo é porque você continua fumando cigarro, mesmo odiando a fumaça que gruda na sua pele. Eu não entendo porque você sente a necessidade de beijar oito bocas diferentes a cada cinco minutos pra se sentir melhor. E também não entendo a graça que você vê naqueles programas estúpidos de automóveis. Eu não te entendo, João, mas juro que me esforço ao máximo pra te aceitar. Você carrega um fardo de defeitos insuportáveis e uma lábia com gírias indecifráveis, mas o desgraçado do seu perfume tem um aroma bom. O seu ar superior e a sua confiança em si mesmo me dá náuseas, mas a droga dos seus braços tem a facilidade de me passar uma segurança que eu não sou capaz de encontrar em nenhum outro lugar do planeta. Talvez o que eu venha a dizer agora te deixe intrigado, porque no fundo você sabe que é verdade: você não passa de um fraco, João. Por mais que os seus músculos saltem do seu corpo e você consiga levantar três elefantes seguidos, você ainda continua sendo um fraco. Estúpido. Babaca. Covarde. E mais outros milhões de adjetivos chulos. Porque você pode fazer mil mulheres caírem de amores aos seus pés, mas tem medo de se prender à apenas uma. Se te perguntarem o significado da palavra “curtição”, certamente você saberá responder. Mas e o amor, João? O que é amor pra você? Acho que agora eu te encurralei em um beco sem saída. Por detrás de toda essa sua estrutura de homem-inabalável, existe um menino que tem medo de amar. Eu sei disso também. O problema é que o seu orgulho te consome da cabeça aos pés e você não é capaz de dar o braço a torcer. A sua aparente falta de sensibilidade me irrita. Ninguém suporta conviver no mesmo ambiente que o seu por três dias, mas olhe só pra mim! Eu estou do seu lado a quase três anos. E você não dá valor a isso. Aliás, você não dá valor a nada, João. Isso também me irrita. Você não permite que ninguém descubra o que se esconde além dessa nuvem cinzenta que te cerca, porque no fundo você tem medo da solidão. Você tem medo de se entregar em um jogo no qual não é você quem dá as cartas, tampouco é o dono da partida. Você tem medo de que alguém goste de você apesar de todos os pesares. E eu gosto. Eu gosto da sua tatuagem tribal ridícula no ante-braço, da sua barba mal feita e da unha encravada do seu dedão do pé. Você não merece, eu sei, mas isso não é motivo o suficiente pra me fazer desgostar. Mesmo que você xingue a sua mãe, seja mal educado com o seu vizinho e se sinta bem em ser um completo filho-da-puta, ainda assim eu gosto de você. Na medida do impossível, tudo o que eu mais queria era atravessar pro seu lado do precipício e fazer com que a gente desse certo. 
O problema é que eu não sei ser a sua Maria, João.
E o meu nome ainda é Bárbara. 
Capitule.
E no final das contas é tudo escuro, é sempre noite, e quase tudo é bobagem. A gente fica sozinho, bebe demais, lembra demais, pensa demais, bate em portas estranhas, há uma festa, a festa termina, não há final feliz ou infeliz, não há final, o dia amanhece, a chuva pára, se aconteceu alguma coisa ou nada aconteceu, não faz diferença. Aos poucos a gente acostuma e se enxerga. 
Martha Medeiros.
Apesar dos mimos que você recebeu dos seus pais, apesar de ter amigos que riem das suas piadas e apesar de já ter passado por muita coisa… não caia em ilusões: você não é especial.
Você não é especial porque estudou naquela universidade porque tem aquele trabalho. Você não é especial porque tem boa aparência ou porque há alguém que gosta de você.
Você é apenas mais um em 7 bilhões, por isso deixe de andar por aí como se o mundo te devesse alguma coisa. Essa cara de enjoado não te cai bem, e esse ar só arrogante só estraga o ânimo de quem está por perto. A sociedade não te deve um trabalho, a família não te deve uma casa e os teus amigos não te devem atenção. Nada disso: o mundo não te deve nada você é que deve muito ao mundo.
Você deve ao mundo o seu tempo, energia e inteligência. A sua melhor intenção e o seu melhor empenho.
Trabalhe porque acredita que o seu trabalho é importante, não porque tem um estatuto a manter. Estude pelo entusiasmo de aprender e não apenas para passar nos exames. Namore porque adora a pessoa que está com você, não porque não aguenta estar sozinho. Viaje porque quer viajar, não para ter fotografias para mostrar. Cuide bem dos outros porque quer o bem deles, não para provar que é bonzinho.
Você pode tentar fugir disto, claro. Pode ficar escondido atrás das cortinas e se lamentar de todas as dificuldades que tem pela frente. Pode ficar à espera que alguma coisa venha te salvar…mas no fim tem apenas que decidir uma coisa:o que vai fazer com cada hora do teu dia?
Que raios vai fazer da tua vida?
O mundo precisa de você. E você precisa viver da melhor maneira possível com o que tem.
A vida é importante demais para esperar que você se sinta especial.
O caminho será longo e difícil. Você será criticado e falhará… mas se a cada falha, a cada crítica e a cada sofrimento você continuar a dar o seu melhor…então é porque você terá finalmente se tornado ALGUÉM ESPECIAL.
A geração da rapidinha chegou. Foto bonita no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai-mãe-melhor amigo-cachorro-casa de praia-onde passou o último verão-e quem foi o última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10 frases e passa o WhatsApp. -Oi, oi; por aqui é bem melhor. -E aí, o que vai fazer no fds? -Vou na “dasa” e vc? -Também. -Então nos encontramos lá. Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. -Oi, oi; prazer, prazer. Beijos!!!! Beijos… Beijos sem muita conversa. Mas também, porque beijos precisam ser quase imediatos? Daí rola aqueles olhares sem muita profundidade. Vontade sem muito entusiamo. Mas o que podemos esperar de uma relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda meio difícil não é mesmo? -Deixa que eu te levo em casa então.
No outro dia de manhã tem WhatsApp. Quem manda primeiro? Quem está mais interessado? Não, quem é mais maduro. Um oi e um tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes para acabar. A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores, vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família meio torta. “Nada”, isso é o que significa as características que usamos para terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas de quem nem aprendeu a voar ainda. As pessoas perderam o olhar longo, a jogada de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades”. Será que ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha nesse mundo super lotado de pessoas sempre online?
Parece que nada mais tem graça, parece que tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver… Se perceber e se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro. A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. A gente existe por likes. Viaja por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores, silicones, bocas carnudas e o perfect365 é de graça, eu fico pensando: será que um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu tenho?
Por:.Suh Riediger
Eu, sinceramente, acreditei que poderia ter sido diferente. Que poderíamos encontrar outra forma de levar isso adiante, mas pensei errado. Na verdade começamos de forma errônea. E se, um relacionamento não tem um bom começo… consequentemente ele não terá um meio. E isso implica dizer que, ele terá logo um fim. É trágico dizer, mas o nosso fim chegou. É o nosso fim, baby. Fim dos nossos planos, das nossas vontades, nossos sonhos e um possível futuro. E o que mais me dói é ter que juntar os cacos — os meus, os teus; nossos cacos — sozinho. 
Abdicou-se.

domingo, 24 de maio de 2015

Às vezes, as pessoas nos tratam de maneira tão descartável que passamos a acreditar que somos exatamente isso - descartáveis. O jeito como o outro nos olha, acaba tirando de nós aquele brilho que levamos anos cultivando e você acha que ali perdeu tudo, só pela maneira como alguém te encarou. Eu também já me senti muitas vezes sem rumo, sem chão e sem valor. E foi fechando os meus olhos para os outros que eu descobri a verdade. Não importa a maneira vazia como os outros me enxergam, eles não sabem quem eu sou e não sabem nada sobre mim. O que é realmente importante nessa vida, é a maneira como Deus me encara. Ainda que aquele olhar me desconcerte, Ele me olha como eu realmente sou, e me enxerga da maneira como me fez, com amor, e ainda me devolve tudo o que é meu por direito.
Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz… 
Clarice Lispector.
Sentei no banquinho do meu quarto que fica de frente ao espelho da parede e comecei a olhar cada canto de mim. Vi que meus olhos eram fundos, e eu sabia o porque de cada dedo fino. Eu me entendia melhor do que qualquer outra espécie do planeta. Melhor do que minha mãe, meu pai, o professor de filosofia e a psicóloga do postinho. Eu sabia porque cada lágrima escorria. O motivo poderia ser o mais ridículo da face da terra, mas aquilo me doía, e ninguém tiraria aquilo de mim, quanto menos entenderia. Mas uma coisa eu nunca perdi no meio de tanta lágrima: o brilho dos meus olhos. É como se fosse uma lanterninha acesa pra que possam ver que ainda tem alguém aqui dentro, alguém que pode muito bem gritar quando não suportar, que pode sorrir feito louca porque o passarinho resolveu brincar na poça de água, ou simplesmente, que pode atravessar a rua sem olhar. Alguém que ama e que suporta todo amor dentro de si. E eu tinha todo o amor do mundo em mim. E se eu podia amar alguém, eu podia muito bem me amar também. Aceitar cada defeito como se fosse a mais fascinante qualidade. Porque se eu não fizer isso, quem fará por mim?
Chicago, 1992.
Eu não tenho medo de voar. Eu tenho medo de estar fechada num lugar e de ter escolhido estar fechada nesse lugar. Tenho medo porque meus pés sentem o chão mas ele é falso. Meus pés sempre me obrigam a sentir a verdade e eu sou obrigada a dizer a eles que aquele chão não dura e nem é de terra. Tenho medo do absurdo que é sorrir e dizer “guaraná normal e sem gelo, grata” enquanto se quer dizer “que merda é essa de estar voando se não sou a porra dum passarinho?”. Tenho medo porque quando acabar estarei em outro lugar. Agora, se eu pudesse escolher o maior de todos os medos, eu diria “a chance disso cair agora é muito pequena”. Estou sobrevoando, sem inteligência, a água profunda que aprendi a chamar de casa mas também de intervalo. A verdadeira angústia de voar é estar acima da nossa vida. Voar é tornar nossa rotina banal. Estou voando há dias, de primeira classe, com vista para o desenho de um país que não sei o nome. Ao lado de uma pessoa que, até que enfim, não é mais uma barrinha de cereal.
Tati Bernardi.
Apesar de você carregar um nome épico nas costas, você não faz jus à ele, João. O seu nome é lindo, assim como os seus lábios finos e a sua nuca branquinha. O seu mal é o que você é por dentro. Se não fosse esse teu jeito todo errado e desleixado, eu olharia pra sua cara e diria que você é um anjo. A verdade é que você é o demônio em pessoa, João. Nada nunca é bom o suficiente pra você. Ninguém nunca é digno do seu amor. Porque será que você infla o seu ego tanto assim, João? Você não é diferente dos outros. A sua rotina não é agitada todos os dias da semana. O seu tipo físico não é de nenhum deus-grego-dos-céus. Você arqueia essa sua sobrancelha com pelos falhos e cruza os braços fazendo essa pose de durão, mas de durão você não tem nada. Admite que vez ou outra a sua vontade era de trocar a cerveja com os amigos por um milk shake com alguém especial, vai. Admite que além da bunda e dos peitos, você também repara no sorriso e nos pés. Pode parecer meio absurdo, mas eu sei que você é encantando por pés. E sei também que a sua bebida preferida nunca foi Whisky, mas sim Guaraná. Os seus coleguinhas-babacas-de-balada não sabem disso, mas eu sei. Deve ser assustador pra você ter alguém que te conhece tanto quanto eu. Tudo bem, eu entendo a sua raiva e a sua ironia desafiadora. O que eu não entendo é porque você continua fumando cigarro, mesmo odiando a fumaça que gruda na sua pele. Eu não entendo porque você sente a necessidade de beijar oito bocas diferentes a cada cinco minutos pra se sentir melhor. E também não entendo a graça que você vê naqueles programas estúpidos de automóveis. Eu não te entendo, João, mas juro que me esforço ao máximo pra te aceitar. Você carrega um fardo de defeitos insuportáveis e uma lábia com gírias indecifráveis, mas o desgraçado do seu perfume tem um aroma bom. O seu ar superior e a sua confiança em si mesmo me dá náuseas, mas a droga dos seus braços tem a facilidade de me passar uma segurança que eu não sou capaz de encontrar em nenhum outro lugar do planeta. Talvez o que eu venha a dizer agora te deixe intrigado, porque no fundo você sabe que é verdade: você não passa de um fraco, João. Por mais que os seus músculos saltem do seu corpo e você consiga levantar três elefantes seguidos, você ainda continua sendo um fraco. Estúpido. Babaca. Covarde. E mais outros milhões de adjetivos chulos. Porque você pode fazer mil mulheres caírem de amores aos seus pés, mas tem medo de se prender à apenas uma. Se te perguntarem o significado da palavra “curtição”, certamente você saberá responder. Mas e o amor, João? O que é amor pra você? Acho que agora eu te encurralei em um beco sem saída. Por detrás de toda essa sua estrutura de homem-inabalável, existe um menino que tem medo de amar. Eu sei disso também. O problema é que o seu orgulho te consome da cabeça aos pés e você não é capaz de dar o braço a torcer. A sua aparente falta de sensibilidade me irrita. Ninguém suporta conviver no mesmo ambiente que o seu por três dias, mas olhe só pra mim! Eu estou do seu lado a quase três anos. E você não dá valor a isso. Aliás, você não dá valor a nada, João. Isso também me irrita. Você não permite que ninguém descubra o que se esconde além dessa nuvem cinzenta que te cerca, porque no fundo você tem medo da solidão. Você tem medo de se entregar em um jogo no qual não é você quem dá as cartas, tampouco é o dono da partida. Você tem medo de que alguém goste de você apesar de todos os pesares. E eu gosto. Eu gosto da sua tatuagem tribal ridícula no ante-braço, da sua barba mal feita e da unha encravada do seu dedão do pé. Você não merece, eu sei, mas isso não é motivo o suficiente pra me fazer desgostar. Mesmo que você xingue a sua mãe, seja mal educado com o seu vizinho e se sinta bem em ser um completo filho-da-puta, ainda assim eu gosto de você. Na medida do impossível, tudo o que eu mais queria era atravessar pro seu lado do precipício e fazer com que a gente desse certo. 
O problema é que eu não sei ser a sua Maria, João.
E o meu nome ainda é Bárbara. 
Capitule.
E no final das contas é tudo escuro, é sempre noite, e quase tudo é bobagem. A gente fica sozinho, bebe demais, lembra demais, pensa demais, bate em portas estranhas, há uma festa, a festa termina, não há final feliz ou infeliz, não há final, o dia amanhece, a chuva pára, se aconteceu alguma coisa ou nada aconteceu, não faz diferença. Aos poucos a gente acostuma e se enxerga. 
Martha Medeiros.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua pegada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversario, você estando aqui ou na Austrália. Esse papo de “que saudades de você, vamos nos ver uma hora” é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase “Que saudade de você…” com “por isso tô te mandando esse áudio”; ou “porque tá tocando a nossa música” ou “então comprei uma passagem” ou ainda “desce agora que tô passando aí”.
Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora “da galera” que está presente quando convém. Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva.
As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.
"Se eu perdoaria uma traição? Claro! Meu coração é nobre e sempre há perdão nele. Eu diria: “Amor, eu te perdoo”. Depois juntaria minhas coisas e nunca mais apareceria, mas eu perdoei, tá? Acho que não existe nada pior do que uma traição. Se dedicar, se entregar, amar a alguém e esse alguém te trair. “A carne é fraca”, justifica. A carne é fraca, mas eu sou forte e não mereço alguém assim do meu lado. Tudo bem que há os modernos que vivem em relacionamentos abertos. Se eu acredito em relacionamento aberto? Acredito! Relacionamento aberto, aberto ao fracasso, aberto ao fim, aberto a mágoa, aberto a toda falta de reciprocidade e dignidade sentimental que se possa imaginar. Afinal, o que é mesmo amar? É escolher uma pessoa entre milhões de especies disponíveis no mundo e elegê-la ao cargo máximo de estar única e exclusivamente ao seu lado. Se é pra ficar comigo e com mais todo mundo que aparecer na reta, eu prefiro ficar só! Em uma traição não importam os motivos de quem traiu, mas a dor de quem foi traído. Se traiu porque sentiu-se atraído, sinto muito, mas eu não sabia que estava namorando um imã que atrai tudo e todos, portanto, controle-se! Se traiu porque passou a gostar de outra pessoa, lamento, mas você não é nenhum líder religioso que é obrigado a amar a humanidade e, se fosse, isso excluiria o contato sexual. Traição não é oportunidade, nem escolha, é caráter “Caráter é uma linha reta, não faz curvas”. E se você gosta de andar em círculos, ande sozinho. Faça um exercício: toda vez que sentir vontade de trair, lave uma privada, pra você lembrar que toda traição termina assim: em merda. E no amor não basta apenas dar a descarga! A questão não é ter tudo, é escolher alguém e fazer dar certo. E se você não está disposto a ficar com uma pessoa só, sinto muito te informar, mas o seu destino é morrer sozinho."
- Tati Bernardi.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

“A casa não é totalmente minha mas para você eu deixo a porta aberta. Não sei se no coração existe uma porta, mas se existir a deixo aberta também. Você já entrou uma vez, por que então ousou sair? Estava gelado demais lá? Se sim, perdoe-me. Gostar de uma coisa faz com o que a gente pegue parte daquilo para si e, querida, eu gosto do inverno. Devo ter interpretado mal quando me disse que também gostava. Lembro das tuas palavras carregas de raiva quando se referia ao sol, ao calor.Tenho uma coisa para te contar: não aprendi a amar, não aprendi amar escandalosamente. Não sei se tem tabu para isso tampouco sei se tem jeito certo. Eu te amo. Assim como acredito que você me ama. Te amo do meu jeito, com o meu silencio, com as ligações que eu fazia apenas para escutar você reclamar porque eu nunca dizia nada. Mas você não entendeu. Palavra nenhuma seria capaz de expressar tamanha felicidade que meu ser sentia apenas em te escutar. Era como música. Sabe aquela que você escuta e põe para repetir umas 1000 vezes? Pois então, a diferença é que mesmo depois de um tempo não cansei de colocá-la para repetir, não enjoei nem nada. Toda vez é como a primeira. Toda ligação é como a primeira. Todo reencontro será como o primeiro.”
“Quanto custa a sua felicidade? foi isso que eu li em um refrigerante enquanto sentava no meio fio. Aliás Deus, já me perguntei isso tantas vezes que perdi as contas e tentei ser feliz nessas tantas contas que me perdi. Se estou cansado? Me pergunta amanhã. Ok, não aguento até amanhã. Então, eu estou. Mas ainda me resta um fio de esperança e uma lista de músicas sobre pessoas que estão piores que eu. Vai ver a resposta pra pergunta no meu caso é que minha felicidade custa a sensação de pagar um refrigerante, e as forças de ainda se agarrar ao fio de esperança, que faz qualquer um levantar e ainda sair pra caminhar, até mesmo nos dias em que não há ninguém para dividir o refrigerante e as conversas no meio fio.”
“Acho a coisa mais simples, mais definitiva, pra explicar o amor entre duas pessoas: gostava dela porque era ela, porque era eu.”
— Chico Buarque

"Não espera ela ir embora pra perceber que ela precisa de cuidados. É que essa máscara de mulher de ferro é apenas um esconderijo bem forjado para guardar um coração bobo de menina. E ele vai se apaixonar novamente toda vez que receber uma ligação inesperada, uma surpresa sem rastos, um beijo sem aviso. Ela vai lembrar as declarações mais bonitas que já ouviu, mas também não vai esquecer aquilo que magoou. Aprende a respirar fundo e lapidar as palavras antes de dizê-las. Mesmo nos desentendimentos, você não vai querer arrancar-lhe uma lágrima por conta dessa insensibilidade. Porque quando isso acontecer, ela vai achar que você é mais um igual a todos os outros."

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"Ter vinte e poucos anos não quer dizer nada. Trinta. Quarenta. Quinze. Vinte. Noventa. O que importa, no fundo, é quem você é quando está sozinho. Como você é quando está acompanhado. O que sobra quando a luz apaga. O que resta quando o sol acorda."
- Clarice Corrêa

Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionante. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. (Caio F. Abreu)
“Hoje eu saí de casa tão feliz, que nem me lembrei que em algumas horas a tristeza bate, me sacode e me faz sentir dores que eu não imaginava que continuavam ali.”
Caio Fernando Abreu.
"Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz."
Martha Medeiros.
Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.
Caio Fernando Abreu

"Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."
Caio Fernando Abreu
“Em menos de dez minutos você se lembra de tudo. Você se lembra o motivo ou os motivos que fizeram tudo se perder. E você se lembra que não é culpado e que, talvez, os outros também não sejam. Assim é a vida. Você se lembra que o grande amor da sua vida. O maior. Aquele que você nunca superou. É o tipo da pessoa que faz questão de ficar a noite inteira longe de você só porque acha charmoso ficar longe de você e não porque queira ficar longe de você. Ele prefere ser descolado do que humano.E você lembra daquela sensação que sentia ao lado dele. De solidão profunda. E você descobre que ele acha que saudade ou vontade de fazer carinho se resume a uma passada de mão na sua bunda ou uma apertada no seu peito. E você percebe que a vida dele, que você tanto colocou no pedestal, pode ser um pouco boba ou até mesmo triste. Com carros que correm para esbanjar uma grana gasta com coisas sem amor, bilhetes de reclamação de barulho, filmes onde cunhadas se comem e amigos que ligam na madrugada achando que puteiro pode ser uma opção legal. Em minutos você entende como ninguém o que te trouxe até aqui, tão longe dele. Me senti visitando meu próprio cemitério. Com amigos e amores mortos e enterrados. Pessoas que a gente desenterra de vez em quando pra ter certeza que fizemos a melhor escolha enterrando elas. Pessoas que a gente lamenta a distância, afinal, já foram tão importantes e… Será que não dá para começar tudo de novo e tentar acertar dessa vez? Pessoas que a gente tenta se agarrar para não sentir que a vida caminha para frente e isso significa, ainda que muito filosoficamente, que um dia vamos morrer. Nossos amigos vão ficando para trás, nossos amores, nossos empregos, casas… Um dia seremos nós a desaparecer. Mas a lição que eu aprendi é que não vale a pena consertar um carro pela décima vez. É mais fácil comprar um novo e fim de papo. Afinal, eu bem que tentei consertar meu relacionamento com algumas pessoas e só ganhei mais e mais poses e menos e menos verdades. Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.”
"Antes de dormir, orei. Pedi a Deus que perdoe tanta ingratidão de minha parte, por não enxergar tudo de bom que a vida me oferece."
Tati Bernardi.
Esquece. Não vou atrás de ninguém. Não mais. Ontem eu quis desesperadamente a sua companhia lá naquele banco da praça, quis ficar ali com você a noite toda se pudesse. E quando fui embora pensei em te ligar, dizer pra voltar amanhã, vir me fazer sorrir. Mas não. Hoje eu acordei e pensei que seria melhor não, eu não quero me apegar em ninguém, não quero precisar de ninguém. Quero seguir livre, entende? Mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho. Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez enquando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim!
- Caio Fernando Abreu