sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Pior do que a voz que cala é um silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas sçao ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão que não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a anti-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Ja o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discução histérica, ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí me olhando!" É o silêncio de um dando más notícias para o desespero do outro. É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, um presente! Para os seguranças de um show de rock, um sonho! Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio não incomoda, pois é o silêncio da paz. O silêncio que perturba, é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate à nossa porta, não há e-mails na caixa de entrada, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem
_ Martha Medeiros

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