terça-feira, 22 de abril de 2014

Todo mundo xinga a destruidora de lares, a ladra de bofes, a vaca que rouba o marido da amiga. A traída normalmente faz uma lista de adjetivos bem lindos para sua rival, sob os olhares solidários e cúmplices das que também já foram um dia trocadas por outra.

A outra sempre leva a culpa. O coitado foi seduzido, escravizado, preso na teia maléfica daquela lambisgóia que planejou cada detalhe sórdido da tórrida história. E a tórrida história dura uma noite, duas semanas, cinco meses, nove anos. E o pobre coitado é enganado por um longo tempo. Dizem que a outra é chegada na macumba, despacho, trabalho, coisa feita. O coitadinho diz que não queria. Meu amor, eu te amo. Meu amor, ela não significou nada pra mim. Meu amor, me aceita de volta. Meu amor, ela foi uma aventura/distração/passatempo/insira aqui sua palavra favorita. Meu amor, eu estava bêbado/chapado/drogado/insira aqui sua desculpa preferida.

Muitos atiram pedras, outros julgam alucinadamente. Ela não vale nada, é uma oferecida, sem caráter, uma infeliz que precisa se sentir poderosa surrupiando por algumas horas/meses/anos o homem alheio. Ela é uma cadela, não entendo por qual motivo precisa ir atrás de um cara casado com tanto homem solto por aí. Ela é uma piada, vagabunda ridícula que não se respeita e não se toca que ele nunca vai deixar a oficial para ficar com a reserva.Ela não percebe que é um lanchinho da tarde, noite ou madrugada.

Ninguém se coloca no lugar da outra, pois todos acham que ser a outra é muito simples. Digo mais: ninguém se importa com a outra, ninguém quer saber como ela se meteu nessa e de que forma ela invadiu uma história que era para ter apenas duas pessoas. A outra, aquela prostituta de quinta categoria, não pode ter sentimentos. A outra, aquela ordinária oxigenada, não pode ter uma história. A outra, aquela biscate cafona, não pode ter se apaixonado perdidamente pelo pobre coitado, que chegou seduzindo e esqueceu de contar que era casado.

Clarissa Corrêa
Apaguei suas mensagens, exclui suas fotos, joguei fora tudo que me lembrava você. Bateu o desespero e chorei igual uma pré-adolescente quando leva seu primeiro fora. Chorei até dormir e acordei lembrando que havia sonhado com você. Agora nem dormir em paz eu posso mais, ver você se tornou uma questão de fechar os olhos. Não chorei mais, em compensação quebrei meu juramento assim que saí da cama, fui correndo ver suas fotos e jurei de novo que seria a última vez. Fiquei triste o dia inteiro, aí você me procura, inevitável, acabei sorrindo ao ver você falando comigo. Droga, você também não me ajuda.
— Hoje encontrei meu ex na rua.— E ele falou contigo?— Falou “Nossa, você parece estar muito bem”— E o que você respondeu?— Primeiro pensei em dizer que tava bem, depois pensei em dizer que tava levando a vida, ou deixando ela me levar. Mas respirei e disse:— Eu te conheço de onde mesmo?-Desconhecido.
Ela é "estranha". Tem vergonha até pelo bate-papo, tem ciúmes até de foto. Chora ouvindo sua música preferida e grita quando se assusta. É escandalosa, porém tímida, isso depende se está ou não perto dos seus amigos. Aliás, quando ela está com os amigos, perde a vergonha na cara e só faz "merda". Sim, ela é "estranha", mas pelo menos procura ser feliz. Ela tem uma risada alta e ao mesmo tempo uma voz suave. Faz careta do nada. Come pipoca, brigadeiro e sorvete sem culpa. Conversa sozinha, canta errado, dança como uma louca em casa, dá risada dos tombos, faz palhaçadas, conta piada velha e acha maior graça, conversa com os animais, briga com objetos quando esbarra neles. Sim, ela é louquinha, mas quem não é? E sabe uma coisa? Dane-se. Pessoas "perfeitas" são um saco.
Vocês terminaram o namoro. No dia seguinte, tu vai ao médico e, bingo, qual o nome dele? João. Tá andando na rua e escuta alguém gritando “Joãoooooo”. Na fila do supermercado, João. João. João. Parece que todo mundo resolveu ter o mesmo nome do ex. Nossa, nunca vi tantos carros verde esmeralda, do mesmo modelo que o dele! De hora em hora toca a nossa música no rádio. Parece até conspiração, certo? Errado. Tudo depende do nosso ponto de vista. Se olharmos com cara feia pra vida, ela vai nos retribuir da mesma forma. Vai nos dar o troco. Não existe conspiração internacional. João? Tem muitos. Carros verde esmeralda? Diversos. A música toca a todo instante? Sim. É que tu nunca tinha percebido isso… até ficar sem o João. Se o problemão no trabalho te afetou, com certeza vais ficar mais sensível… Isso faz com que veja tudo sob outro prisma. Se achar que está tudo ruim, tudo ficará ruim mesmo.
“Um dia um cara me disse: - Mulheres são como bonecas. Você pode bagunçar o cabelo delas, jogar elas no canto, pisar em cima delas e trocar por outra.” E eu dei apenas um sorriso irônico e respondi: - Pois é, só que homem de verdade, não brinca de boneca.” — Chorão
“Naquele momento, quando nossos lábios tocaram pela primeira vez, eu sabia que a lembrança duraria para sempre.” — Um amor pra recordar.
"Decidi seguir em frente, optei por não olhar mais para trás. Não que eu tenha esquecido, mas hoje estou preferindo, simplesmente, não lembrar."
"Ao ver uma pessoa triste, nunca sei se ela tem motivos, ou se apenas pensa demais. O simples ato de pensar em excesso te leva à uma discordância infinita com a realidade, quem muito pensa enxerga o mundo sem enfeite, sem maquiagem. Grandes pensadores carregam dores maiores do que conseguem descrever." — Sean Wilhelm.
Os cientistas deveriam estudar, a fundo, os efeitos terapêuticos de um pé na bunda sob as mulheres. Deveriam passar receitas prescrevendo isso como remédio e cura, por aí. Colar cartazes pelas esquinas: Devolvo o amor-próprio em 3 dias. Já vi cada milagre, que até Deus duvida. E não tem erro: quando encontrar aquela conhecida que sempre foi sem sal, de cabelo enorme-sem-corte e roupas escolhidas no escuro e ela estiver com o cabelo repicado, meio loiro e decotão, amigo, o namoro de anos foi por água abaixo! É sofrer, superar e sambar, a sequência dos "3 esses", podendo variar a ordem dos últimos dois, sem alteração no produto final. A dor de cotovelo esmaga a preguiça e matricula qualquer uma na academia, com o maior foco do universo. Os batons de tons fortes se jogam nas bolsas e emolduram divinamente as pragas e desaforos: "Não deu certo porque ele só uma criança e eu não tenho tempo pra construir caráter de ninguém" ou "Ele vai terminar com uma psicopata e vai lembrar de mim todos os dias da vida dele, ah vai!". Não subestimo uma mulher recém abandonada. Nem julgo, muito pelo contrário. Cada um sabe a intensidade da sede de vingança que tem. Água não se nega a ninguém, que se vinguem. Que passem na frente dele de salto alto e braços dados com algum boy magia que não sabe nem concordância verbal, mas de boca fechada é um semi-deus. Que se renovem. Um nó na garganta é muito difícil de ser desfeito. Valorizo todas as tentativas, que mesmo vazias, são muito melhores do que se entregar pra dor. Nenhum sentimento é mais poderoso do que o "ele vai ver o que perdeu! E vai se arrepender pelo resto da vida". Nenhuma mudança é tão radical do que as que são frutos da rejeição- e não me refiro só a mudanças físicas. Uma nova mulher. Tantas novas mulheres, depois de cada fim. Amadurecimento temperado com água e sal. Tanto choro engolido, que a gente termina um pouco salgada também. Males que vem pra bem. Tanto esforço tentando virar mulher demais pra ele, que a gente vira mulher demais pra meio mundo. E, um dado momento, quando ele passar, nem precisa respirar fundo. Porque isso não é mais sobre um cara. É sobre a nova cara da vida, muito mais colorida, diante da nova você.

Marcella Fernanda